quinta-feira, 31 de março de 2016

Insetos? Argh! Isso é seguro? Nham! – Parte 1

"Que tal uma deliciosa salada de insetos servida com gafanhotos fritos? E formigas desidratadas cobertas com chocolate?"

Com esta chamada, a palestra do Professor Arnold van Huis, professor de entomologia da Universidade Wageningen da Holanda “bombou”. Ele mostrou que embora a estranheza a comer insetos seja presente na maioria da população mundial, inseto é alimento comum na dieta de cerca de 2 bilhões de pessoas. Num mundo que necessita suprir de proteínas uma população crescente, esta tendência parece que veio para ficar.


Na foto, o Professor Arnold mostra interesse crescente pelos insetos.
Autor da foto: Ellen Lopes
 

Arnold explicou que a demanda de carne de origem animal deve crescer em mais 76% até 2050. Mas hoje a produção animal já ocupa cerca de 68% das terras agricultáveis, emitindo cerca de 14% dos gases efeito estufa, e 59 a 71% da amônia da atmosfera. Um dado preocupante é que para cada kg de carne bovina são necessários de 20.000 a 40.000 litros de água, isto quando se considera também a água necessária desde insumos até abate. Estes são os impactos mais importantes, mas há ainda que se considerar o desflorestamento, erosão, desertificação, perda de biodiversidade dentre outros.

Este cenário representa ao mesmo tempo um desafio, mas também uma oportunidade para novas fontes de proteína de baixo impacto para o meio ambiente. 


Figura ilustra quantidade de insetos comestíveis relatados por região.

Na figura acima pode-se perceber a distribuição de insetos relatados como comestíveis no mundo.  Este número é mais elevado em determinadas regiões da Ásia, América do Norte, Central, América do Sul , incluindo Brasil, Austrália e Nova Zelândia.

Estima-se que mais de 1.900 espécies já foram relatadas como alimento. Globalmente, as espécies mais consumidas são:
- besouros (Coleoptera) – 31%
- lagartas (Lepidoptera) – 18%
- abelhas, vespas e formigas (Hymenoptera) – 14%
Além destes insetos, são consumidos os gafanhotos e os grilos (Orthoptera), cigarras, cochonilhas e percevejos (Hemiptera), os cupins (Isoptera), as libélulas (Odonata) e até moscas (Diptera)!

Arnold mostrou que os insetos podem ser coletados ou criados, em escala artesanal, ou produzidos em escala industrial. Abaixo ilustração cedida pelo Professor Arnold sobre criação e venda de insetos.


Mas e quanto à segurança de alimentos:
- Quão seguro é o consumo de insetos? 
- Quais são os perigos potenciais? 
- Que cuidados se deve ter na sua produção para que sejam seguros? 
- É necessário algum tratamento térmico?

Mas esta parte ficará para depois. Aguarde a parte 2.

E você, o que acha sobre o consumo dos insetos? E sobre sua segurança?

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terça-feira, 22 de março de 2016

Global Markets Brasil – Parte 3


Pela primeira vez uma apresentação formal de um trabalho do Brasil na GFSC - Global Food Safety Conference anual da GFSI

Dando continuidade ao post anterior da Parte 2, aqui apresento a síntese da minha palestra sobre o Programa Global Markets Brasil, realizada durante a Conferência da GFSI em Berlim.

Ellen Lopes, palestra sobre Global Markets Brasil APAS, GFSC 2016, Berlim.
Auto foto: Crístian L. Roque


Primeiras iniciativas
Alguns varejistas do Brasil, entre eles o Walmart, inseriram o Global Markets em seus programas de seleção de fornecedores e em seus check lists. As empresas Cargill, ConAgra, General Mills-Yoki e Mondelez, formaram um grupo e treinaram vários fornecedores no Programa Global Markets.

                          Foto: material cedido por Roger Bont, Cargill.


Mas estas eram iniciativas isoladas!

Em 2015 a APAS abraçou o Programa Global Markets Brasil
Em nome da Food Design, eu participo  das Conferências GFSI desde 2009, onde tive contato com vários grupos de stakeholders que se organizaram para incentivar a implementação do Global Markets. Alguns exemplos destas iniciativas: Metro, da Alemanha; AEON na Ásia; parceria público privada na Indonésia e o grupo organizado pela ASU, a União Argentina de Supermercados, que já é operante desde 2012.

Imbuída do espírito de ajudar o Brasil a embarcar nesta tendência, comecei a oferecer  palestras gratuitas sobre o programa e suas vantagens, e junto com outros colegas procuramos alguns grupos como interlocutores, no início sem sucesso, até que em 2015, o Comitê de Segurança de Alimentos da APAS - Associação Paulista de Supermercados abraçou o desafio, com o inestimável apoio de representantes do GPA (Grupo Casino), Carrefour, Walmart, Sonda, Makro e Enxuto.


Sede da APAS - Associação Paulista de Supermercados em São Paulo

A Coordenação Geral do Programa Global Markets Brasil APAS ficou sob minha responsabilidade, com Coordenação Técnica pela Márcia Rossi do Walmart Brasil, que foi representada na GFSC 2016 pela Natalie Dyenson, do Corporativo do Walmart, Estados Unidos.

Desafios
O primeiro grande desafio foi harmonizar os diferentes check lists usados pelos "três grandes players": GPA, Carrefour, Walmart, alinhando-os de forma explícita com o esquema Global Markets.

Após várias reuniões e análises comparativas com os requisitos Global Markets para a indústria, percebeu-se que, uma vez reorganizados e reagrupados, havia um “coração” Global Markets, acrescido de alguns requisitos adicionais.

Estes requisitos adicionais formam dois grupos, considerados por GPA, Carrefour, Walmart como obrigatórios, mas que para outras empresas podem ser opcionais:
- requisitos legais (exemplo alvará sanitário; registro na Anvisa, se for o caso), cuja verificação é delegada aos organismos de certificação na fase de seleção
- requisitos mais avançados da qualidade/ segurança de alimentos e requisitos de segurança operacional e sócio-ambientais.

Esquema gráfico o resultado da harmonização
Fonte: Tradução de slide da Conferência. 
Autor: Ellen Lopes, Food Design & IRSFD.
Dica: para ampliar, clique na figura.

Outros desafios
Para acelerar e conferir agilidade para o Programa Global Markets Brasil, a solução foi o apoio através de uma organização não governamental, o IRSFD - Instituto de Responsabilidade Social Food Design, idealizado já há algum tempo por um grupo de profissionais, ONG esta que tem como objetivo adicionar valor a empresas de alimentos menos desenvolvidas, estimulando o exercício da responsabilidade social, com empreendedorismo, qualidade, segurança de alimentos e sustentabilidade.

Escopo
O Programa foi iniciado no âmbito do varejo, mas para que se crie um amplo movimento de evolução em torno da "linguagem Internacional" Global Markets, e assim facilitar o acesso de nossas indústrias de menor porte a novos mercados, nacionais ou internacionais, a participação do Programa Global Markets Brasil em breve será aberta a todas as indústrias de alimentos e bebidas e a todo o foodservice do Brasil, sejam as empresas clientes, ou fornecedores.

Site do Programa Global Markets Brasil
Previsão é lançar no primeiro semestre um hotsite do Programa, dentro do site da APAS. Neste hotsite, além do check list em português do Global Markets para níveis Básico e Básico + Intermediário, cuja tradução foi cedida gentilmente pela IFSserão incluídos:
- os requisitos adicionais exigidos pelo GPA, Carrefour, Walmart
- um diretório das empresas que já participam do programa
mecanismos de trocas de informações que ajudem a criar benefícios mútuos para todos os stakeholders interessados.

Para as empresas que adotarem a pontuação do sistema Global Markets IFS, a IFS ofereceu incluir no hotsite do Programa Global Markets Brasil um link para seu próprio site internacional, o que trará a estas empresas visibilidade mundial, além de poderem ter acesso a um software que facilita o gerenciamento de suas auditorias. Nota: a menção da IFS não implica em obrigatoriedade de sua adoção, já que a adoção de uma norma ou esquema é decisão própria de cada empresa.

Se você tiver interesse em receber mais informações sobre o Programa Global Markets Brasil, ou quiser ser um voluntário para contribuir com a parte técnica do Programa, escreva para ellen.lopes@irsfd.org.br.

Se você quiser receber a tradução do check list do Global Markets IFS para níveis Básico e Básico + Intermediário, escreva para Caroline Nowak: cnowak@ifs-certification.com.

Agradecimentos
À APAS, em especial ao Paulo Pompílio e Roberto Borges

Ao Grupo Técnico:
Márcia Rossi, Walmart
Júlia Carlini, Carrefour
João Ricardo Stein, GPA
Alexandre Momesso, Sonda
Tatiane Amaral, Makro
Juliana Onodera, Enxuto

À Roger Bont, da Cargill, pela cessão do material de treinamento.

À Caroline Nowak, IFS Brasil, pela tradução e futuro link para site IFS.

Agradeço também ao Leonardo Lima do McDonald’s Brasil, que participou do grupo Global Markets organizado pela ASU, e que me ajudou na estratégia de busca de apoios.

Que você achou do iniciativa do Comitê de Segurança de Alimentos das APAS de abraçar no Brasil o Programa Global Markets? 
O IRSFD é responsável por organizar o voluntariado para contribuir com as tarefas do Programa Global Markets Brasil APAS, como traduções, redação de cases, publicação de material de apoio etc. Se você é um voluntário e quer contribuir, escreva para ellen.lopes@irsfd.org.br

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